Lendas folclóricas do Paraná
De acordo com a lenda, a muito tempo atrás, a gralha azul era apenas uma gralha parda, semelhante as outras de sua espécie. Mas um dia a gralha azul resolveu pedir para Deus lhe dar uma missão que lhe faria muito útil e importante. Deus lhe deu um pinhão, que a gralha pegou com seu bico com toda força e cuidado. Abriu o fruto e comeu a parte mais fina. A outra parte mais gordinha resolveu guardar para depois, enterrando a no solo. Porém, alguns dias depois ela havia esquecido o local onde havia enterrado o restante do pinhão.
A gralha procurou muito, mas não encontrou aquela outra parte do fruto. Porém, ela percebeu que havia nascido na área onde havia enterrado uma pequena araucária. Então, toda feliz, a gralha azul cuidou daquela árvore com todo amor e carinho. Quando o pinheiro cresceu e começou a dar frutos, ela começou a comer uma parte dos pinhões e enterrar a parte mais gordinha (semente), dando origem a novas araucárias. Em pouco tempo, conseguiu cobrir grande parte do Estado do Paraná com milhares de pinheiros, dando origem a floresta de Araucária.
Quando Deus viu o trabalho da gralha azul, resolveu dar um prêmio a ela: pintou suas penas da cor do céu, para que as pessoas pudessem reconhecer aquele pássaro, seu esforço e dedicação. Assim, a gralha que era parda, tornou-se azul.
Outra versão conta que uma certa gralha negra, dormia num galho de pinheiro e foi acordada pelo som dos golpes de um machado. Assustada, voou para as nuvens, para não presenciar a cena do extermínio do pinheiro. Lá no céu, ouviu uma voz pedindo para que ela retornasse para os pinheirais, pois assim ela seria vestida de azul celeste e passaria a plantar pinheiros. A gralha aceitou então a missão e foi totalmente coberta por penas azuis, exceto ao redor da cabeça, onde permaneceu o preto dos corvídeos. Retornou então aos pinheirais e passou a espalhar a semente da araucária, conforme o desejo divino.
Em outra versão da lenda diz que era madrugada, o sol não demoraria a nascer e a gralha ainda estava acomodada no galho onde passara a noite, quando acordou com a batida aguda de um machado e o gemido do pinheiro.Era o lenhador golpeando a arvore para transforma-la em tabuas. Quantos anos levou a natureza para que o pinheiro atingisse aquele porte majestoso e agora, em poucos minutos, estaria estendido no solo e pronto para ir a serralheria. As pancadas pareciam repetir no coração da gralha. Num momento de desespero e simpatia, partiu em vôo vertical, subiu muito alem das nuvens para não ouvir mais os estertores do pinheiro amigo. Lá nas alturas escutou uma voz cheia de ternura: – Ainda bem que as aves se revoltam com as dores alheias.A gralha subiu ainda mais na imensidão. Novamente a mesma voz: – volte avezinha bondosa, vai novamente para os pinheirais. De hoje em diante eu a vestirei de azul da cor deste céu e ao voltar ao Paraná, você vai ser minha ajudante, plantará os pinheirais. A gralha por alguns instantes atingiu as alturas e por surpresa, onde seus olhos conseguiram ver seu próprio corpo, observou que estava todo azul. Somente ao redor da cabeça, onde não enxergava, continuou preto. Ao ver a beleza de suas penas da cor do céu voltou celebre para os pinheirais iniciando seu trabalho de ajudante. Tão alegre ficou que seu canto passou a ser um verdadeiro alarido que mais parecia com vozes de crianças brincando.O pinheiro é símbolo de fraternidade. Ao comer o pinhão, tira-lhe primeiramente a cabeça, para depois, a bicadas, abrir-lhe a casca. Nunca esquece de antes de terminar seu repasto, enterrar alguns pinhões com a ponta para cima, já sem cabeça, para que a podridão não destrua o novo pinheiro que dali nascerá. E os pinheiros foram crescendo.Do pinheiro nasce a pinha, da pinha nasce o pinhão… Pinhão que alegra nossas festas, onde o regozijo barulhento é como um bando de gralhas azuis matracando nos galhos altaneiros dos pinheirais do Paraná. Seus galhos são braços abertos, repetindo às auras que embalam o meu convite eterno: Vinde a mim todos…
A lenda da Gralha Azul é típica da região sul do Brasil, principalmente do estado do Paraná. A gralha azul é a ave replantadora da araucária, árvore símbolo do estado do Paraná.
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